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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Você já ouviu falar sobre o PRECONCEITO LINGÜÍSTICO?

Quantas vezes você foi já foi corrigido enquanto falava ou corrigiu a fala de alguém? Pois saiba que na maioria dos contextos corrigir a fala de uma pessoa e julga-la por este “erro” pode ser considerado um preconceito. A língua portuguesa, como todas as línguas, é heterogênea e intrinsecamente variável. Isso quer dizer que nenhuma língua é estática, pelo simples fato de que ela é um “organismo em constante evolução”. Os conceitos de variação, variante e mudança, foram introduzidos pela lingüística para abarcar as diferentes formas de se dizer uma mesma coisa, formas que ocorrem em todos os idiomas existentes e que são sim uma grande qualidade das línguas. Se as línguas não se adaptassem constantemente se tornariam inúteis a cada instante que algo fosse criado ou modificado no mundo social ou real. Para diferentes realidades existem diferentes formas de se comunicar e isto fica evidente se pensarmos na extensão do Brasil e na quantidade de dialetos regionais que temos. Mesmo assim dentro destes dialetos existem variações, nem todo gaúcho diz “Bá”. Então devemos pensar muitas vezes antes de corrigir a fala de alguém, pois ela pode estar apenas usando uma variedade não padrão da língua, ou até mesmo uma variedade padrão com um nível de formalidade diferente. O que é importante frisar e destacar é:


NENHUMA VARIEDADE, OU LÍNGUA, É MELHOR, MAIS CORRETA, MAIS BONITA OU MAIS RICA, DO QUE AS OUTRAS


A noção de “ERRO” está sendo revista pela lingüística à algum tempo. Dizer que uma pessoa está errada quando fala algo como “bicicreta” e “os home”, prevê uma noção de língua sendo empregada (no caso a noção de língua como código. Esta variedade foi, por fatos econômicos e históricos, escolhida para ser a base comum do ensino de língua em nosso país, isto não quer dizer que ela está certa (podem-se encontrar inúmeras incoerências em suas definições) e as outras erradas. Elevar a gramática a este estatus de “correta” cria vários problemas de ordem social que poderiam ser evitados se fosse explanado dês do começo do ensino da língua que existem variedades e que elas coexistem e são todas apropriadas para seu contexto. Se um interlocutor diz “os home”, não se considera um erro, pois na comunidade em que ele vive esta é a gramática internalizada dos moradores e a variedade comum, não adianta você impor sua variedade que ele vai voltar a anterior quando entrar em contato com um parente, por exemplo.

Sendo assim, deixemos de lado nossas diferenças lingüísticas, todos nós brasileiros falamos português, certo e rico, e “arretado” de bonito, não existe diferença entre nós ao que cabe a língua, pois todos a usamos da melhor forma, respeitando as necessidades de nossa realidade e adaptando-a ao que é necessário. Se você entendeu o que o outro falou, estão falando a mesma língua, ninguém é melhor do que ninguém, nem mais “burro” por falar diferente. Deixe este preconceito desaparecer, como todos os outros.

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